ANTÔNIO GONZALEZ SANCHEZ
( Brasil – São Paulo )
Nasceu em 20 de Outubro de 1915.
Rio Claro – Estado de São Paulo.
CADERNO DE POESIA - II. Santo André, SP: Clube de Poesia de S. André, 1954. 90 p. 15,5 X 22,5 cm. Ex. bibl. Antonio Miranda.
Sorrisos
Sorrisos! Quão mordazes, desleais,
Os vejo em muitos rostos que conheço,
Insinceros, parados, desiguais.
Como se fossem máscaras de gesso!
Oh! Sorrir sem conseguir jamais
O efeito de um sorriso bom, travesso,
Simples função dos músculos faciais,
Desses sorrisos eu me compadeço...
Gosto de um sorriso, no entretanto,
Um sorriso que é todo o meu encanto,
E, ao mesmo tempo, eterno pesadelo:
O teu sorriso de mulher bonita,
Mais parecendo um beijo que palpita
À espera de que alguém venha colhê-lo...
Noturno
Desta varanda, indolentemente,
contemplo a noite, encantadora e quieta,
enquanto um raio de luar, direta
e mansamente, pousa à minha frente.
Sinto minh´alma de emoções repleta,
desperta ao pálido clarão. A gente
ouve o cantar de um verso terno e quente,
à luza da lua que nos faz poeta.
Pena que a noite avance e a Lua siga,
levando para longe a paz amiga,
que neste instante a alma delicia.!
Vou recolher-me, vou sonhar, quem sabe?
Antes que venha o Sol e o encanto acabe
na luta material de cada dia...
Doce lar...
Que importam desta vida os desenganos,
as lutas, dia a dia, desiguais,
o desdobrar de esforços sobre-humanos,
entre as burlescas convenções sociais.
Que importam contratempos quotidianos,
desilusões, cansaço, mágoas, ais,
ter que buscar de dia os bens profanos
na estupidez das cousas materiais,
se eu tenho a noite um lar, onde refaço
o espírito abalado e os nervos rotos,
para iniciar de novo outra jornada?!
Esqueço a luta, as mágoas, o cansaço,
Revendo as "artes" dos meus três garotos
na voz queixosa de mamãe zangada...
*
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Página publicada em novembro de 2022
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